PATRÍCULA ELEMENTAR

«A nossa pequena pátria, a nossa patrícula.» B. Vian

O admirável mundo da merda liofilizada, à colher

Ou é da idade, ou vivo num mundo paralelo. Inadvertidamente, ao zapar com vagar pelos canais do cabo, dei de caras com o Big Brother Famosos 2022. Por (de)formação profissional quedei-me durante os três minutos que sempre me aconselhou um dos meus mestres. Nem que seja a pior merda temos obrigação de a ver, determinava ele, já que mais não seja para compreendermos a espantosa razão do sucesso destas merdas.

Três minutos, pelo menos três minutos, insistia. E os velhos hábitos nunca morrem. Mas ao fim de um minuto comecei a entediar-me e, como praticamente não vislumbrasse ninguém conhecido, resolvi socorrer-me do Google. Nunca falha. Suponho que por homenagem à última ceia, os concorrentes são treze e no fim ganha o mais judas. Ok, começamos dentro do espírito da quadra festiva, o que é sempre reconfortante.

Porém, tirando o bi-bota e ex-deputado brasileiro, o pequeno ex-presidente de um clube da bola e o vice-campeão masculino das telenovelas nacionais, não topei mais ninguém que me fizesse tremeluzir, assim à primeira, uma daquelas lampadinhas da árvore do natal que acabei ontem de desmontar.

Quanto ao resto dos apóstolos da universidade da vida não sei quem são, nem faço a mais pequena ideia do que dizem que fazem para ganhar o sustento. Tirando, vá lá, a ex-mulher do Deco, que esse pelo menos já foi famoso e ela lá deve ter tido as suas valências, como agora se diz.

Só me resta esperar que 2022 continue auspicioso e que o grande Jardel ainda saiba “voar sobre os centrais”, como diria o Carlos Tê.

[ Provedor do Otário — IV Série — 165 ]

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This entry was posted on 7 de Janeiro de 2022 by in Patrícula elementar, Provedor do otário and tagged , , , .

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